terça-feira, 15 de julho de 2008

Barlavento

Sonhei que suas roupas faziam meu varal...

A casa era de frésias, tulipas e bromélias,
Por você, arei terra, semeei.
Eu atirava idéias - feito setas - em sua pele: as poesias que gostava -
Lâmina que rasga ponteiros, minha estrada da adivinhação.
Sob a visão longínqua de Antares
Eu inventava nos mapas - com lápis de devaneio -
Um trópico de Escorpião.

Se a lente apontava
Pela circunferência, a rosa-dos-ventos...
O ponto áureo - sempre atrás da lente -
Lírio bonito em barlavento,
Régia do tempo.

Pela navalha - em atalho inverso,
Sub-caminho,
O sonho transfigurado submerso:
Um sonho asfixiado.
Maestro das paisagens flutuantes afo-
gadas - último decendente da Atlântida.
Sonho dúbio,
Dilúvio de seus olhos adultos.

Astronauta a ermo em périplo,
Busca sinais - as reticências da vida.
Sonhei que suas roupas faziam meu varal...

Mas no varal da realidade, elas nunca estiveram estendidas.