quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Rio

Naquelas águas mudas me criei calado.
Enramei uma margem com palavras feitas pra ficar -
Jamais sair dali -
Ver só o rio passar.

O rio seguia seu declive,
Eu gostava de embarulhar aquelas águas mudas
Tocando nelas feito um atabaque,
Abrindo sua pele até a outra margem.
Lá eu enramava metragens de palavras feitas pra voar.

A vida caminhava deste contraste
E isso era tudo.

Não havia um mundo de coisas,
Mas todas as coisas do mundo.

Havia o suficiente -
A diferença dava vazão ao rio,
Uma presença apaziguava meu frio.