terça-feira, 15 de julho de 2008

Misturação

O seu riso escasso
Vem com mais luz quando se abre;
Vem com o encanto do inesperado:
O perna-de-pau emplacando golaço,
Um tímido vestido de palhaço,
O ético brincando de trapaça.
Vem com o prazer que guardam as coisas raras.
Aquela surpresa da página porvir...
Gente sorri, gente escancara,
Gente não espera o que, na vera, sempre tá ali.

Seu silêncio é farto.
De conversar consigo mesma...
Tudo esconde. Tudo guarda.
Às vezes parece que hiberna...
(Esse é o charme.)
Finge não existir, não faz alarde...

O seu riso escasso
Vem com mais luz quando se abre.
Canta, rodopia sobre a mesa...
Transmuta asfalto em jardim.
O seu silêncio farto de si mesma é tão eu
Que não sei se falei de você ou de mim.