terça-feira, 15 de julho de 2008

Tela fone

No ateliê, tela no bastidor;
Forja seu capitel, portão, capela...
Faz teu degradê na aquarela, o pintor.
Junta tinta, passa régua, mela essa varanda de canela
Que fica de um jeito Art nouveau.
Faz de curva aquele arco da fachada,
Dá vento à biruta parada.

Pinta de maçã a vil cortina de flanela,
Traz sua arte temporã, traça quatro paralelas
e põe no quarto um divã.
Àquela mureta isolada, dá pigmento noturno,
Faz um claro-escuro na escora,
Faz teto de ouro puro.

De acrílica, a cumeeira cintila
De tempo em tempo chega gente na fila.
Passa bandinha ao som de pífano,
Nada alonga seus pavios...
Dou-te informações a fio,
Pra sua tela de tímpano.

Pinta de manga a soleira da porta,
De guache, demão na treliça...
Porque na mão do artista:
O que é branco, vira espaço,
O que era som, agora é traço.